segunda-feira, março 23, 2009

24 de março: Dia mundial de luta contra a tuberculose

Mensagem do Dr. Luis Sambo
Diretor Geral da OMS para a Região Africana

Em 24 de Março de 1882, Robert Koch descobriu o microrganismo que causa a tuberculose, doença que constitui um grande problema na Região Africana da OMS. As comemorações deste dia, em 2009, têm assim por objectivo sensibilizar para a epidemia mundial da tuberculose e levar-nos a todos a intensificar os esforços no controlo esta doença.

O tema do Dia Mundial da Luta contra a Tuberculose este ano é:
“Estou empenhado em travar a tuberculose”.

Alguns dos países na Região Africana têm as mais elevadas taxas de tuberculose do mundo. Embora a Região Africana represente aproximadamente 10% da população mundial, o peso da doença na Região corresponde a 30% dos números mundiais. Dos 22 países mais afectados em todo o mundo, correspondendo a 80% do peso mundial da tuberculose, nove encontram-se na Região Africana.

Acresce que a nossa capacidade para identificar casos e garantir que um tratamento é efectivamente concluído permanece abaixo das metas estabelecidas. Tal deve-se ao facto de muitos doentes desta região deixarem de fazer o tratamento, falecerem, serem transferidos durante o tratamento ou, simplesmente, não chegare a ser avaliados.
A situação é preocupante, tendo em conta que a tuberculose foi declarada uma emergência pelos Ministros da Saúde Africanos em Maputo, em 2005.

A taxa de notificação de tuberculose na Região continua a aumentar a cada ano que passa, em especial em locais onde a prevalência de VIH é elevada. As informações mais recentes demonstram que foram notificados mais de 1,3 milhões de casos de tuberculose em 2007, em comparação com 1,1 milhões de casos em 2005.

A implementação rigorosa da estratégia Travar a Tuberculose, incluindo a cobertura universal da terapêutica de observação directa de curta duração (DOTS), melhorará de forma significativa os resultados nas áreas da detecção e do tratamento, reafirmando a necessidade de garantir elevados padrões de qualidade dos cuidados prestados aos doentes em todas as unidades de saúde. O tratamento da tuberculose só poderá ter resultados satisfatórios através de esforços concertados por parte dos governantes, prestadores de cuidados de saúde, famílias e comunidades, devendo todos participar no processo que resultará no diagnóstico da doença e no êxito do tratamento do doente.

Apelo, por conseguinte, a todos os países para porem em prática integralmente a estratégia Travar a Tuberculose, incluindo a componente de mobilização sistemática da comunidade, que poderá permitir que um maior número de casos suspeitos seja avaliado nas unidades de saúde. Um melhor acesso aos cuidados de qualidade permitirá diagnosticar mais doentes rapidamente. Devemos envidar esforços para que cada doente receba tratamento de qualidade para a tuberculose, e para diminuir o número de transferências, abandonos terapêuticos e óbitos. Assim se conseguirá interromper a cadeia de transmissão da infecção da tuberculose, até se acabar por inverter a tendência da doença na nossa Região.

O aparecimento de tuberculose multirresistente e ultrarresistente aos medicamentos (TB-MR e TB-UR) também coloca novos desafios. Estas formas de tuberculose devem-se principalmente a uma administração inadequada ou deficiente do tratamento dos casos identificados. Assim, a prestação de cuidados de qualidade aos casos de tuberculose é crucial para prevenir a emergência de formas da doença resistentes aos medicamentos.

Em 2007, o teste do VIH era feito em apenas 38% dos casos de tuberculose notificados na Região, sendo o resultado positivo em 52,3% destes, em comparação com 22% de testes ao VIH, em 2005. Verificaram-se progressos, mas o nosso objectivo deve ser a disponibilização universal da testagem para todos os doentes de VIH. Tal ajudaria as pessoas que estão infectadas com tuberculose e VIH a ter acesso a cuidados e tratamento para o VIH, o que contribuirá para melhorar a sua qualidade de vida e reduzir mortes evitáveis.

Evidentemente, o combate para controlar a tuberculose não pode ser travado apenas pelos prestadores de cuidados do sector público. Deve ser um esforço conjunto por parte de todos os prestadores, incluindo os do sector privado. Por seu lado, as famílias e as comunidades devem mobilizar-se de modo a contribuir para estes esforços. Cada indivíduo no seio de uma família ou comunidade deve ajudar a identificar e encorajar quem tenha tosse há mais de três semanas a submeter-se a exames de diagnóstico da tuberculose. Devem também encorajar e apoiar as pessoas que vivem com SIDA a fazer os mesmos exames. Cada um de nós deve assegurar-se que as pessoas tratadas com tuberculoestáticos cumprem o tratamento até ao fim, sendo a duração normal do tratamento de seis a oito meses.

Claramente, há ainda muito a fazer, mas não tenho dúvidas que, em conjunto, podemos dar largos passos no sentido de um mundo sem tuberculose.

Cada um de nós deve estar empenhado em travar a tuberculose!

Muito obrigado.

Mensagem enviada por José Caetano do Escritório de Representação da OMS em Angola

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